Lideranças da direita veem clima de apreensão e risco de fragmentação após racha entre Michelle e filhos de Bolsonaro

Guia Modelo Escrito em 02/12/2025

Direita e Centrão se irritam com atuação de Michelle Bolsonaro em palanques estaduais A crise pública entre a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro e os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — agravada pelas críticas dela à articulação do PL com Ciro Gomes (PDT) no Ceará — acendeu um alerta entre dirigentes da direita. Em conversas reservadas, lideranças avaliam que o episódio expôs uma disputa interna sobre quem fala pelo ex-presidente, hoje preso, e abriu um cenário de instabilidade sobre os palanques estaduais e até a sucessão presidencial de 2026. Segundo dirigentes ouvidos pelo blog, a briga entre Michelle e os enteados é vista como “apenas a ponta do iceberg”. O episódio, dizem, revela um problema maior: com Bolsonaro impedido de se manifestar, cada integrante da família passou a apresentar sua própria interpretação do que o ex-presidente desejaria — ou autorizaria — na política. Impacto nos estados A crise começou no Ceará, após Michelle condenar a articulação que aproxima o PL do ex-governador Ciro Gomes. Para aliados, essa contestação pública já provocou insegurança entre candidaturas estaduais que estavam em construção. Um presidente de um partido do Centrão afirmou ao blog que a instabilidade da família Bolsonaro pode comprometer alianças locais, especialmente em estados onde o PL tenta montar palanques competitivos para o Senado. Em Santa Catarina, por exemplo, a intenção do grupo de apoiadores do ex-presidente de lançar Carlos Bolsonaro ao Senado gerou tensão na direita tradicional do estado. Lideranças locais argumentam que já existiam nomes encaminhados, como a tentativa de reeleição de Esperidião Amin (PP-SC) e a possível candidatura da deputada Caroline de Toni (PL-SC). Essa interferência direta da família acaba por criar "racha" nos estados. Alerta para 2026 Além do impacto regional, dirigentes admitem preocupação com a eleição presidencial. O nome mais cotado dentro do campo dos apoiadores do ex-presidente é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), mas o racha da família levanta dúvidas sobre a coesão desse apoio. “E se um dos filhos critica Tarcísio durante a campanha? E se a própria Michelle decide apoiar outro nome?”, questionou um dirigente de um partido do Centrão. Para ele, qualquer fragmentação pública fragiliza uma possível candidatura apoiada por Bolsonaro. 'Ambiente de instabilidade' A avaliação majoritária no campo da direita é que, enquanto Bolsonaro permanecer preso, o ambiente político ficará sujeito a conflitos internos, falas desencontradas e interpretações distintas sobre qual seria a “palavra final” do ex-presidente. Além de constrangimentos públicos, aliados temem efeitos diretos na montagem dos palanques estaduais e no projeto presidencial da direita. A expressão mais repetida por lideranças ouvidas pelo blog foi “apreensão”. “Todo mundo fica esperando o próximo movimento da família, sem saber o que pode ser confundido como orientação do próprio Bolsonaro”, disse um dirigente.