Prova de corrida no Parque Ibirapuera, em São Paulo, em 2023. Fabio Piva/Red Bull Content Pool O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) revogou na quarta-feira (19) a decisão liminar que obrigava uma assessoria esportiva na capital a assinar termo de adesão e pagar taxa mensal pelo uso do Parque Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo. A cobrança, proposta pela concessionária Urbia, responsável pela gestão do local, previa o pagamento de R$10 por aluno atendido no local. A liminar derrubada havia sido concedida em julho e determinava que a empresa assinasse o termo em até cinco dias, sob pena de ter as atividades interrompidas. O uso comercial do parque já está em disputa desde o ano passado (leia mais abaixo). Ao analisar o recurso, o relator, desembargador Djalma Lofrano Filho, afirmou que não há elementos que justifiquem a urgência da medida. ✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp Segundo o magistrado, não foram atendidos os requisitos do artigo 300 do Código de Processo Civil, que exige probabilidade do direito e risco de dano irreparável para conceder uma tutela de urgência. Ou seja, é preciso que haja sinais de que quem fez o pedido provavelmente está certo e que existe um risco de acontecer um prejuízo grave se a decisão não for tomada rapidamente. Justiça autoriza Urbia a cobrar taxa de assessoria esportiva que atua no Parque Ibirapuera Ele apontou que, caso a cobrança seja considerada válida no julgamento final, ela poderá ser implementada mais adiante, sem prejuízo imediato às partes. O tribunal também destacou que a discussão envolve a interpretação do contrato de concessão firmado entre a Urbia e a Prefeitura de São Paulo — tema que, segundo o relator, não pode ser resolvido por meio de decisão liminar. “Os clientes da empresa utilizam o parque para caminhar e se exercitar, atividade primária do espaço público”, escreveu o desembargador. Na decisão obtida pelo g1, a assessoria esportiva The Run Negócios no Esporte Ltda. afirmou à Justiça que a taxa é ilegal, viola a Lei Municipal 16.703/2017 — que proíbe cobrança de ingresso para áreas abertas — e poderia representar uma forma de privatização do parque. A empresa também citou um inquérito civil do Ministério Público que apura a legalidade da cobrança. Com a decisão do TJ-SP, fica suspensa, por enquanto, a obrigação de assinar o termo e pagar a taxa. O caso seguirá para análise do mérito, que deve definir se a concessionária pode ou não cobrar valores de assessorias esportivas que atuam no Ibirapuera. O g1 procurou a Urbia e a The Run e aguarda os posicionamentos. Cobrança de taxa Em julho, a Justiça autorizou a Urbia a cobrar taxa de assessoria esportiva que atua no Parque Ibirapuera. As cobranças começaram em 2024. A liminar foi concedida pela juíza Lais Helena, da 4ª Vara Cível da capital, que acolheu o argumento da concessionária de que, ao obter o direito de exploração do Ibirapuera com a Prefeitura de São Paulo, ela passou a ter o direito de fazer cobranças a empresas que usam o espaço para fins comerciais. A decisão vale apenas para uma empresa de assessoria e não para as demais. Ainda cabe recurso. Segundo a juíza, não configura ilegalidade cobrar a taxa de R$ 10 mensais por aluno, uma vez que “no exercício de sua atividade comercial, utiliza-se do espaço do parque, cujo custo de manutenção, fiscalização, limpeza, segurança, etc, é todo da autora, não lhe repassando todavia valores para tal fruição, contrariamente ao que prevê o Contrato de Concessão onerosa do espaço público”. A magistrada deu o prazo de cinco dias úteis para que a The Run Negócios No Esporte Ltda assine um contrato de adesão com a concessionária para normatização do espaço comercial do parque, se comprometendo com o pagamento da taxa de assessoria, “sob pena de interrupção das atividades no local”. Em nota à época, a empresa informou que "a cobrança de até R$ 10 por aluno, feita diretamente às empresas como contrapartida pelo uso comercial do espaço público, é um direito previsto contratualmente e contribui para a zeladoria do parque, o monitoramento da atividade e a preservação do patrimônio". Ainda segundo o comunicado, "a liminar concedida à Urbia contra a atividade irregular da empresa The Run no Parque Ibirapuera comprova a legitimidade das ações da concessionária e a importância do cumprimento das regras estabelecidas". (leia a íntegra mais abaixo). A decisão judicial de 17 de junho veio a público nesta terça-feira (1º), quando o diretor da assessoria esportiva em questão, Ricardo Gigioli, foi notificado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). A empresa tem cerca de 500 alunos que usam o Ibirapuera e a Cidade Universitária da USP pela manhã e à noite, para o acompanhamento de práticas esportivas ao ar livre. “Fomos pegos de surpresa e ainda estamos entendendo o que pode ser feito nesse caso, uma vez que não tive direito de defesa no processo nem sabia dessa ação que a Urbia estava movendo contra a gente. Não somos contra a cobrança, mas sim contra a forma unilateral como a concessionária quer impor isso às assessorias, sem discussões ou contrapartidas”, comentou Gigioli. “Eles nos enviavam boletos de cobrança compulsórios, mesmo com a gente não tendo nenhum acordo assinado. Mas nós não pagávamos porque o Ministério Público já se posicionou contrariamente à cobrança e notificou a secretaria para que ela posse proibida. A Associação do nosso segmento também estava negociando com a secretaria. Agora nós vamos procurar os nossos direitos de defesa e entender como vamos lidar com essa liminar”, afirmou o diretor da The Run. O promotor Silvio Marques, do MP-SP, o diretor da empresa The Run – Ricardo Gigioli - o secretário de Verde e Meio Ambiente da gestão Nunes, Rodrigo Ashiuchi: visões diferentes sobre a cobranças de taxas no Parque Ibirapuera. Montagem/g1/Reprodução/Redes Sociais O promotor Silvio Marques, que lidera um Inquérito Civil Público dentro do Ministério Público de São Paulo que pede a caducidade [fim da concessão do parque], reafirmou ao g1 que considera a cobrança ilegal e que espera que o liminar seja revertida na Justiça. “A Urbia já tentou outros dois ou três processos iguais na primeira instância que já foram indeferidos pelos juízes que analisaram os casos. Nós esperamos que essa decisão de agora seja revertida ou cassada, porque consideramos a cobrança ilegal”, afirmou o promotor. “Os artigos 88 e 89 do Código Civil são claros ao dizer que rios, praças e parques são públicos e de uso geral da população. Com essa possibilidade de cobrança, há uma reserva desse espaço público tanto para as assessorias quanto a própria concessionária, que fere o caráter público do parque e sua função social”, declarou Marques. O contrato de concessão do Ibirapuera não é claro sobre a cobrança de taxas para terceiros, mas diz que é de exclusividade de concessionária a exploração econômica de toda a área. A Secretaria do Verde e Meio Ambiente da gestão Ricardo Nunes (MDB) afirmou que "a concessão garante o direito de exploração econômica prevista em contrato, e que o Plano Diretor do Ibirapuera define a 'assessoria esportiva' como atividade passível de cobrança". "De forma colaborativa e transparente, a SVMA encaminhou ao Ministério Público os esclarecimentos solicitados sobre os serviços previstos no Contrato de Concessão do Parque Ibirapuera. Também foram realizadas reuniões com os envolvidos para tratar da regularização da atividade das assessorias esportivas no local", declarou a pasta do secretário Rodrigo Ashiuchi. Para a Urbia, a cobrança de até R$ 10 por aluno, feita diretamente às empresas como contrapartida pelo uso comercial do espaço público, "é um direito previsto contratualmente e contribui para a zeladoria do parque, o monitoramento da atividade e a preservação do patrimônio". Corredores fazem treino no Parque Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo. Shutterstock Douglas Melo, da associação de treinadores de corrida, afirma que o contrato que a juíza deu prazo para a empresa ‘The Run’ assinar tem cláusulas prejudiciais às assessorias no futuro. "O contrato que a Urbia nos apresentou tem cláusulas impossíveis de cumprir. Mas o documento diz que, se a gente descumprir alguma delas mais de três vezes, o acordo não será renovado, e a gente seria proibido de dar aulas no parque. Para muitos de nós, ficou a impressão de ser uma estratégia para ter argumentos jurídicos para proibir nossa atuação por lá, e eles atuarem sozinhos com a assessoria própria que lançaram essa semana", contou. A concessionário do Ibirapuera diz que "diversas assessorias de diferentes modalidades já aderiram voluntariamente ao programa [contrato], reconhecendo a legitimidade e a transparência do modelo". "Após amplo diálogo com representantes do setor, a Urbia implantou regras claras para garantir o bom funcionamento dos serviços prestados por terceiros, conciliando o uso comercial com o acesso gratuito e livre dos demais usuários. Entre essas regras, destaca-se a exigência de que os profissionais sejam graduados em Educação Física e registrados no Conselho Regional da categoria, garantindo segurança e qualidade no atendimento", afirmou a Urbia. A empresa também afirma que opinião do promotor Silvio Marques "é uma campanha difamatória, que tem antecipado à imprensa opiniões pessoais e juízos de valor sobre as atividades do parque, gerando desinformação e prejuízos concretos à imagem da concessionária". Disputa longa Concessionária do Parque Ibirapuera começa a cobrar taxa de assessorias esportivas particulares O impasse no Parque do Ibirapuera teve início em novembro de 2024, quando a concessionária anunciou a cobrança da taxa de uso do espaço e começou a notificar as assessorias que atuam na área. A cobrança de fato da taxa começou em meados de março deste ano, com envio de boletos para aquelas que dão aulas dentro do parque. O preço cobrado é de R$ 10 por aluno, com descontos em pacotes semestrais ou anuais, dependendo do número de alunos da empresa. Os pacotes vão de R$ 270 a R$ 1.500 (veja tabela abaixo). O início da cobrança provocou reclamação das empresas que atuam no parque e é alvo de um inquérito no Ministério Público de São Paulo(MP-SP), em investigação tocada pelo promotor Silvio Marques, que também apura outras cobranças dentro do Ibirapuera, onde ele aponta uso indevido da área para "transformar o Ibirapuera em shopping center". No início do inquérito, no ano passado, o promotor chegou a notificar a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente para que a cobrança fosse extinta. A Prefeitura de SP chegou a pedir à empresa a revogação da taxa, mas voltou atrás e afirmou que o contrato de concessão dá direito à concessionária de fazer a cobrança (veja mais aqui). Desde março, o secretário Rodrigo Ashiuchi tentava um entendimento entre as partes. Valores das taxas que começam a ser cobradas da Urbia dentro do Parque do Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo. Reprodução/TV Globo Assessoria própria Em meio à batalha jurídica pela cobrança de serviços de assessorias esportivas que atuam dentro do Ibirapuera, a concessionária decidiu nesta semana lançar seu próprio serviço de assessoria esportiva dentro do parque. A Corre no Ibira foi anunciada nesta semana, após a concessionária criar um perfil nas redes sociais para anunciar a novidade. Ela será coordenada pelo treinador Jorge Luís da Silva, famoso no mercado por ser da equipe Pé-de-vento e também por treinar corredores profissionais olímpicos. O novo serviço vai funcionar no local onde antes ficava a Casa Centauro, que alugava equipamentos e fazia eventos esportivos. A ideia, segundo o vídeo publicado, é que o espaço ofereça serviços como banho após a corrida, armários protegidos para guardar pertences pessoais e até espaço de recuperação física com banheira de gelo. Segundo o g1 apurou, o plano de assessoria básica terá o valor de R$ 170 e o premium, R$ 280 mensais, com direito a banho nos vestiários da empresa. A empresa também diz que oferecerá 30% de desconto no valor do estacionamento do parque, que custa de R$ 18 (dias úteis) a R$ 23 (finais de semana). A Urbia diz que a Corre no Ibira será a assessoria esportiva oficial do parque e que, ainda neste ano, "implementará um sistema de bolsas sociais, oferecendo gratuidade a até 10% dos alunos inscritos". "As bolsas serão destinadas a pessoas em situação de vulnerabilidade social, que terão acesso aos mesmos benefícios e estrutura oferecidos aos corredores pagantes. O programa oferece atendimento de alta qualidade, com profissionais experientes — incluindo nomes com atuação olímpica — e é voltado a pessoas de todas as idades e níveis de condicionamento físico. O serviço é opcional e destinado àqueles que desejarem se inscrever, convivendo de forma harmônica com as demais assessorias regularmente atuantes no parque", afirmou (veja a íntegra da nota abaixo). A Associação dos Treinadores de Corrida de São Paulo (ATC-SP) foi a responsável pela denúncia que chegou ao Ministério Público paulista. O presidente da entidade, Douglas de Melo, disse ao g1 que a nova assessoria de corrida dentro do Ibirapuera é "do jogo", já que a cidade tem mais de 300 assessorias esportivas ativas em várias regiões, mas reclama da forma como tem sido feito. "Não acho que um aluno de uma assessoria nossa vai sair para ir para a Urbia, mas eles meio que estão praticando uma concorrência um tanto desleal. Porque, além de cobrarem um valor abaixo das outras assessorias, de acordo com o ticket médio de R$ 300 que eles mesmo dizem que pesquisaram, a Urbia tem uma infraestrutura para oferecer que as outras não têm", contou. Mello diz não ser contra a cobrança. "A gente acha que pode trazer receitas para o parque, trazer gente para usar a estrutura, que não seja por meio de assinatura de contrato e boleto obrigatório de cobrança", afirmou. Ricardo Gigioli, da assessoria The Run, também reclama do que chama de ‘concorrência desleal’. “Por serem ‘donos do parque’, eles têm uma infraestrutura pública que as outras empresas não têm e têm forçado a adesão das assessorias concorrentes ao seu contrato, impedindo a gente inclusive de colocar cooler com água no parque. Eles alegam que é ocupação de mobiliário no espaço do parque sem permissão. Imagina que nem a água a gente ultimamente pode oferecer para os nossos alunos. É um concorrência bem desleal”, afirmou. "O serviço é opcional e destinado àqueles que desejarem se inscrever, convivendo de forma harmônica com as demais assessorias regularmente atuantes no parque. A concessão do Parque Ibirapuera é uma política pública de longo prazo, com o objetivo de assegurar investimentos permanentes, gestão profissional e padrões elevados de conservação. O resultado está à vista: um parque restaurado, seguro, acessível e vivo", declarou a concessionária. Após Parque Ibirapuera criar espaços pagos, MP vê 'transformação de área pública em shopping' e abre investigação O que diz a Urbia "A Urbia reafirma que o Parque Ibirapuera é o melhor espaço público, gratuito e democrático para a prática livre de diversas atividades esportivas. Desde o início da concessão, já investiu mais de R$ 250 milhões na recuperação e manutenção do parque — incluindo melhorias significativas na infraestrutura esportiva disponível a toda a população. A atuação de assessorias esportivas é historicamente presente no Parque Ibirapuera e está expressamente prevista como atividade econômica no Plano Diretor do Parque. Portanto, deve se adequar ao modelo de concessão vigente. Após amplo diálogo com representantes do setor, a Urbia implantou regras claras para garantir o bom funcionamento dos serviços prestados por terceiros, conciliando o uso comercial com o acesso gratuito e livre dos demais usuários. Entre essas regras, destaca-se a exigência de que os profissionais sejam graduados em Educação Física e registrados no Conselho Regional da categoria, garantindo segurança e qualidade no atendimento. A cobrança de até R$ 10 por aluno, feita diretamente às empresas como contrapartida pelo uso comercial do espaço público, é um direito previsto contratualmente e contribui para a zeladoria do parque, o monitoramento da atividade e a preservação do patrimônio. Diversas assessorias de diferentes modalidades já aderiram voluntariamente ao programa, reconhecendo a legitimidade e a transparência do modelo. Apesar da campanha difamatória conduzida pelo promotor do Ministério Público de São Paulo, Silvio Marques, que tem antecipado à imprensa opiniões pessoais e juízos de valor sobre as atividades do parque, gerando desinformação e prejuízos concretos à imagem da concessionária, a Justiça tem reiteradamente reconhecido que a Urbia atua dentro da legalidade e dos termos do contrato de concessão. A liminar concedida à Urbia contra a atividade irregular da empresa The Run no Parque Ibirapuera comprova a legitimidade das ações da concessionária e a importância do cumprimento das regras estabelecidas. Sobre o programa “Corre no Ibira” Atenta à crescente demanda por corrida de rua no Brasil, a Urbia lançou o Corre no Ibira, seu próprio serviço de assessoria de corrida. O programa oferece atendimento de alta qualidade, com profissionais experientes — incluindo nomes com atuação olímpica — e é voltado a pessoas de todas as idades e níveis de condicionamento físico. O serviço é opcional e destinado àqueles que desejarem se inscrever, convivendo de forma harmônica com as demais assessorias regularmente atuantes no parque. Ainda neste ano, a Urbia implementará um sistema de bolsas sociais para o Corre no Ibira, oferecendo gratuidade a até 10% dos alunos inscritos. As bolsas serão destinadas a pessoas em situação de vulnerabilidade social, que terão acesso aos mesmos benefícios e estrutura oferecidos aos corredores pagantes. Além das atividades no Parque Ibirapuera, o programa promoverá experiências em corridas no Brasil e no exterior, ampliando o alcance do esporte e incentivando o bem-estar. A concessão do Parque Ibirapuera é uma política pública de longo prazo, com o objetivo de assegurar investimentos permanentes, gestão profissional e padrões elevados de conservação. O resultado está à vista: um parque restaurado, seguro, acessível e vivo." Reforma da Marquise do Ibirapuera atrasa; Urbia pede mais prazo e R$ 15 milhões a mais para concluir obra
Justiça derruba decisão que obrigava assessoria esportiva a pagar taxa para usar Parque Ibirapuera
Guia Modelo Escrito em 20/11/2025
Prova de corrida no Parque Ibirapuera, em São Paulo, em 2023. Fabio Piva/Red Bull Content Pool O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) revogou na quarta-feira (19) a decisão liminar que obrigava uma assessoria esportiva na capital a assinar termo de adesão e pagar taxa mensal pelo uso do Parque Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo. A cobrança, proposta pela concessionária Urbia, responsável pela gestão do local, previa o pagamento de R$10 por aluno atendido no local. A liminar derrubada havia sido concedida em julho e determinava que a empresa assinasse o termo em até cinco dias, sob pena de ter as atividades interrompidas. O uso comercial do parque já está em disputa desde o ano passado (leia mais abaixo). Ao analisar o recurso, o relator, desembargador Djalma Lofrano Filho, afirmou que não há elementos que justifiquem a urgência da medida. ✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp Segundo o magistrado, não foram atendidos os requisitos do artigo 300 do Código de Processo Civil, que exige probabilidade do direito e risco de dano irreparável para conceder uma tutela de urgência. Ou seja, é preciso que haja sinais de que quem fez o pedido provavelmente está certo e que existe um risco de acontecer um prejuízo grave se a decisão não for tomada rapidamente. Justiça autoriza Urbia a cobrar taxa de assessoria esportiva que atua no Parque Ibirapuera Ele apontou que, caso a cobrança seja considerada válida no julgamento final, ela poderá ser implementada mais adiante, sem prejuízo imediato às partes. O tribunal também destacou que a discussão envolve a interpretação do contrato de concessão firmado entre a Urbia e a Prefeitura de São Paulo — tema que, segundo o relator, não pode ser resolvido por meio de decisão liminar. “Os clientes da empresa utilizam o parque para caminhar e se exercitar, atividade primária do espaço público”, escreveu o desembargador. Na decisão obtida pelo g1, a assessoria esportiva The Run Negócios no Esporte Ltda. afirmou à Justiça que a taxa é ilegal, viola a Lei Municipal 16.703/2017 — que proíbe cobrança de ingresso para áreas abertas — e poderia representar uma forma de privatização do parque. A empresa também citou um inquérito civil do Ministério Público que apura a legalidade da cobrança. Com a decisão do TJ-SP, fica suspensa, por enquanto, a obrigação de assinar o termo e pagar a taxa. O caso seguirá para análise do mérito, que deve definir se a concessionária pode ou não cobrar valores de assessorias esportivas que atuam no Ibirapuera. O g1 procurou a Urbia e a The Run e aguarda os posicionamentos. Cobrança de taxa Em julho, a Justiça autorizou a Urbia a cobrar taxa de assessoria esportiva que atua no Parque Ibirapuera. As cobranças começaram em 2024. A liminar foi concedida pela juíza Lais Helena, da 4ª Vara Cível da capital, que acolheu o argumento da concessionária de que, ao obter o direito de exploração do Ibirapuera com a Prefeitura de São Paulo, ela passou a ter o direito de fazer cobranças a empresas que usam o espaço para fins comerciais. A decisão vale apenas para uma empresa de assessoria e não para as demais. Ainda cabe recurso. Segundo a juíza, não configura ilegalidade cobrar a taxa de R$ 10 mensais por aluno, uma vez que “no exercício de sua atividade comercial, utiliza-se do espaço do parque, cujo custo de manutenção, fiscalização, limpeza, segurança, etc, é todo da autora, não lhe repassando todavia valores para tal fruição, contrariamente ao que prevê o Contrato de Concessão onerosa do espaço público”. A magistrada deu o prazo de cinco dias úteis para que a The Run Negócios No Esporte Ltda assine um contrato de adesão com a concessionária para normatização do espaço comercial do parque, se comprometendo com o pagamento da taxa de assessoria, “sob pena de interrupção das atividades no local”. Em nota à época, a empresa informou que "a cobrança de até R$ 10 por aluno, feita diretamente às empresas como contrapartida pelo uso comercial do espaço público, é um direito previsto contratualmente e contribui para a zeladoria do parque, o monitoramento da atividade e a preservação do patrimônio". Ainda segundo o comunicado, "a liminar concedida à Urbia contra a atividade irregular da empresa The Run no Parque Ibirapuera comprova a legitimidade das ações da concessionária e a importância do cumprimento das regras estabelecidas". (leia a íntegra mais abaixo). A decisão judicial de 17 de junho veio a público nesta terça-feira (1º), quando o diretor da assessoria esportiva em questão, Ricardo Gigioli, foi notificado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). A empresa tem cerca de 500 alunos que usam o Ibirapuera e a Cidade Universitária da USP pela manhã e à noite, para o acompanhamento de práticas esportivas ao ar livre. “Fomos pegos de surpresa e ainda estamos entendendo o que pode ser feito nesse caso, uma vez que não tive direito de defesa no processo nem sabia dessa ação que a Urbia estava movendo contra a gente. Não somos contra a cobrança, mas sim contra a forma unilateral como a concessionária quer impor isso às assessorias, sem discussões ou contrapartidas”, comentou Gigioli. “Eles nos enviavam boletos de cobrança compulsórios, mesmo com a gente não tendo nenhum acordo assinado. Mas nós não pagávamos porque o Ministério Público já se posicionou contrariamente à cobrança e notificou a secretaria para que ela posse proibida. A Associação do nosso segmento também estava negociando com a secretaria. Agora nós vamos procurar os nossos direitos de defesa e entender como vamos lidar com essa liminar”, afirmou o diretor da The Run. O promotor Silvio Marques, do MP-SP, o diretor da empresa The Run – Ricardo Gigioli - o secretário de Verde e Meio Ambiente da gestão Nunes, Rodrigo Ashiuchi: visões diferentes sobre a cobranças de taxas no Parque Ibirapuera. Montagem/g1/Reprodução/Redes Sociais O promotor Silvio Marques, que lidera um Inquérito Civil Público dentro do Ministério Público de São Paulo que pede a caducidade [fim da concessão do parque], reafirmou ao g1 que considera a cobrança ilegal e que espera que o liminar seja revertida na Justiça. “A Urbia já tentou outros dois ou três processos iguais na primeira instância que já foram indeferidos pelos juízes que analisaram os casos. Nós esperamos que essa decisão de agora seja revertida ou cassada, porque consideramos a cobrança ilegal”, afirmou o promotor. “Os artigos 88 e 89 do Código Civil são claros ao dizer que rios, praças e parques são públicos e de uso geral da população. Com essa possibilidade de cobrança, há uma reserva desse espaço público tanto para as assessorias quanto a própria concessionária, que fere o caráter público do parque e sua função social”, declarou Marques. O contrato de concessão do Ibirapuera não é claro sobre a cobrança de taxas para terceiros, mas diz que é de exclusividade de concessionária a exploração econômica de toda a área. A Secretaria do Verde e Meio Ambiente da gestão Ricardo Nunes (MDB) afirmou que "a concessão garante o direito de exploração econômica prevista em contrato, e que o Plano Diretor do Ibirapuera define a 'assessoria esportiva' como atividade passível de cobrança". "De forma colaborativa e transparente, a SVMA encaminhou ao Ministério Público os esclarecimentos solicitados sobre os serviços previstos no Contrato de Concessão do Parque Ibirapuera. Também foram realizadas reuniões com os envolvidos para tratar da regularização da atividade das assessorias esportivas no local", declarou a pasta do secretário Rodrigo Ashiuchi. Para a Urbia, a cobrança de até R$ 10 por aluno, feita diretamente às empresas como contrapartida pelo uso comercial do espaço público, "é um direito previsto contratualmente e contribui para a zeladoria do parque, o monitoramento da atividade e a preservação do patrimônio". Corredores fazem treino no Parque Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo. Shutterstock Douglas Melo, da associação de treinadores de corrida, afirma que o contrato que a juíza deu prazo para a empresa ‘The Run’ assinar tem cláusulas prejudiciais às assessorias no futuro. "O contrato que a Urbia nos apresentou tem cláusulas impossíveis de cumprir. Mas o documento diz que, se a gente descumprir alguma delas mais de três vezes, o acordo não será renovado, e a gente seria proibido de dar aulas no parque. Para muitos de nós, ficou a impressão de ser uma estratégia para ter argumentos jurídicos para proibir nossa atuação por lá, e eles atuarem sozinhos com a assessoria própria que lançaram essa semana", contou. A concessionário do Ibirapuera diz que "diversas assessorias de diferentes modalidades já aderiram voluntariamente ao programa [contrato], reconhecendo a legitimidade e a transparência do modelo". "Após amplo diálogo com representantes do setor, a Urbia implantou regras claras para garantir o bom funcionamento dos serviços prestados por terceiros, conciliando o uso comercial com o acesso gratuito e livre dos demais usuários. Entre essas regras, destaca-se a exigência de que os profissionais sejam graduados em Educação Física e registrados no Conselho Regional da categoria, garantindo segurança e qualidade no atendimento", afirmou a Urbia. A empresa também afirma que opinião do promotor Silvio Marques "é uma campanha difamatória, que tem antecipado à imprensa opiniões pessoais e juízos de valor sobre as atividades do parque, gerando desinformação e prejuízos concretos à imagem da concessionária". Disputa longa Concessionária do Parque Ibirapuera começa a cobrar taxa de assessorias esportivas particulares O impasse no Parque do Ibirapuera teve início em novembro de 2024, quando a concessionária anunciou a cobrança da taxa de uso do espaço e começou a notificar as assessorias que atuam na área. A cobrança de fato da taxa começou em meados de março deste ano, com envio de boletos para aquelas que dão aulas dentro do parque. O preço cobrado é de R$ 10 por aluno, com descontos em pacotes semestrais ou anuais, dependendo do número de alunos da empresa. Os pacotes vão de R$ 270 a R$ 1.500 (veja tabela abaixo). O início da cobrança provocou reclamação das empresas que atuam no parque e é alvo de um inquérito no Ministério Público de São Paulo(MP-SP), em investigação tocada pelo promotor Silvio Marques, que também apura outras cobranças dentro do Ibirapuera, onde ele aponta uso indevido da área para "transformar o Ibirapuera em shopping center". No início do inquérito, no ano passado, o promotor chegou a notificar a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente para que a cobrança fosse extinta. A Prefeitura de SP chegou a pedir à empresa a revogação da taxa, mas voltou atrás e afirmou que o contrato de concessão dá direito à concessionária de fazer a cobrança (veja mais aqui). Desde março, o secretário Rodrigo Ashiuchi tentava um entendimento entre as partes. Valores das taxas que começam a ser cobradas da Urbia dentro do Parque do Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo. Reprodução/TV Globo Assessoria própria Em meio à batalha jurídica pela cobrança de serviços de assessorias esportivas que atuam dentro do Ibirapuera, a concessionária decidiu nesta semana lançar seu próprio serviço de assessoria esportiva dentro do parque. A Corre no Ibira foi anunciada nesta semana, após a concessionária criar um perfil nas redes sociais para anunciar a novidade. Ela será coordenada pelo treinador Jorge Luís da Silva, famoso no mercado por ser da equipe Pé-de-vento e também por treinar corredores profissionais olímpicos. O novo serviço vai funcionar no local onde antes ficava a Casa Centauro, que alugava equipamentos e fazia eventos esportivos. A ideia, segundo o vídeo publicado, é que o espaço ofereça serviços como banho após a corrida, armários protegidos para guardar pertences pessoais e até espaço de recuperação física com banheira de gelo. Segundo o g1 apurou, o plano de assessoria básica terá o valor de R$ 170 e o premium, R$ 280 mensais, com direito a banho nos vestiários da empresa. A empresa também diz que oferecerá 30% de desconto no valor do estacionamento do parque, que custa de R$ 18 (dias úteis) a R$ 23 (finais de semana). A Urbia diz que a Corre no Ibira será a assessoria esportiva oficial do parque e que, ainda neste ano, "implementará um sistema de bolsas sociais, oferecendo gratuidade a até 10% dos alunos inscritos". "As bolsas serão destinadas a pessoas em situação de vulnerabilidade social, que terão acesso aos mesmos benefícios e estrutura oferecidos aos corredores pagantes. O programa oferece atendimento de alta qualidade, com profissionais experientes — incluindo nomes com atuação olímpica — e é voltado a pessoas de todas as idades e níveis de condicionamento físico. O serviço é opcional e destinado àqueles que desejarem se inscrever, convivendo de forma harmônica com as demais assessorias regularmente atuantes no parque", afirmou (veja a íntegra da nota abaixo). A Associação dos Treinadores de Corrida de São Paulo (ATC-SP) foi a responsável pela denúncia que chegou ao Ministério Público paulista. O presidente da entidade, Douglas de Melo, disse ao g1 que a nova assessoria de corrida dentro do Ibirapuera é "do jogo", já que a cidade tem mais de 300 assessorias esportivas ativas em várias regiões, mas reclama da forma como tem sido feito. "Não acho que um aluno de uma assessoria nossa vai sair para ir para a Urbia, mas eles meio que estão praticando uma concorrência um tanto desleal. Porque, além de cobrarem um valor abaixo das outras assessorias, de acordo com o ticket médio de R$ 300 que eles mesmo dizem que pesquisaram, a Urbia tem uma infraestrutura para oferecer que as outras não têm", contou. Mello diz não ser contra a cobrança. "A gente acha que pode trazer receitas para o parque, trazer gente para usar a estrutura, que não seja por meio de assinatura de contrato e boleto obrigatório de cobrança", afirmou. Ricardo Gigioli, da assessoria The Run, também reclama do que chama de ‘concorrência desleal’. “Por serem ‘donos do parque’, eles têm uma infraestrutura pública que as outras empresas não têm e têm forçado a adesão das assessorias concorrentes ao seu contrato, impedindo a gente inclusive de colocar cooler com água no parque. Eles alegam que é ocupação de mobiliário no espaço do parque sem permissão. Imagina que nem a água a gente ultimamente pode oferecer para os nossos alunos. É um concorrência bem desleal”, afirmou. "O serviço é opcional e destinado àqueles que desejarem se inscrever, convivendo de forma harmônica com as demais assessorias regularmente atuantes no parque. A concessão do Parque Ibirapuera é uma política pública de longo prazo, com o objetivo de assegurar investimentos permanentes, gestão profissional e padrões elevados de conservação. O resultado está à vista: um parque restaurado, seguro, acessível e vivo", declarou a concessionária. Após Parque Ibirapuera criar espaços pagos, MP vê 'transformação de área pública em shopping' e abre investigação O que diz a Urbia "A Urbia reafirma que o Parque Ibirapuera é o melhor espaço público, gratuito e democrático para a prática livre de diversas atividades esportivas. Desde o início da concessão, já investiu mais de R$ 250 milhões na recuperação e manutenção do parque — incluindo melhorias significativas na infraestrutura esportiva disponível a toda a população. A atuação de assessorias esportivas é historicamente presente no Parque Ibirapuera e está expressamente prevista como atividade econômica no Plano Diretor do Parque. Portanto, deve se adequar ao modelo de concessão vigente. Após amplo diálogo com representantes do setor, a Urbia implantou regras claras para garantir o bom funcionamento dos serviços prestados por terceiros, conciliando o uso comercial com o acesso gratuito e livre dos demais usuários. Entre essas regras, destaca-se a exigência de que os profissionais sejam graduados em Educação Física e registrados no Conselho Regional da categoria, garantindo segurança e qualidade no atendimento. A cobrança de até R$ 10 por aluno, feita diretamente às empresas como contrapartida pelo uso comercial do espaço público, é um direito previsto contratualmente e contribui para a zeladoria do parque, o monitoramento da atividade e a preservação do patrimônio. Diversas assessorias de diferentes modalidades já aderiram voluntariamente ao programa, reconhecendo a legitimidade e a transparência do modelo. Apesar da campanha difamatória conduzida pelo promotor do Ministério Público de São Paulo, Silvio Marques, que tem antecipado à imprensa opiniões pessoais e juízos de valor sobre as atividades do parque, gerando desinformação e prejuízos concretos à imagem da concessionária, a Justiça tem reiteradamente reconhecido que a Urbia atua dentro da legalidade e dos termos do contrato de concessão. A liminar concedida à Urbia contra a atividade irregular da empresa The Run no Parque Ibirapuera comprova a legitimidade das ações da concessionária e a importância do cumprimento das regras estabelecidas. Sobre o programa “Corre no Ibira” Atenta à crescente demanda por corrida de rua no Brasil, a Urbia lançou o Corre no Ibira, seu próprio serviço de assessoria de corrida. O programa oferece atendimento de alta qualidade, com profissionais experientes — incluindo nomes com atuação olímpica — e é voltado a pessoas de todas as idades e níveis de condicionamento físico. O serviço é opcional e destinado àqueles que desejarem se inscrever, convivendo de forma harmônica com as demais assessorias regularmente atuantes no parque. Ainda neste ano, a Urbia implementará um sistema de bolsas sociais para o Corre no Ibira, oferecendo gratuidade a até 10% dos alunos inscritos. As bolsas serão destinadas a pessoas em situação de vulnerabilidade social, que terão acesso aos mesmos benefícios e estrutura oferecidos aos corredores pagantes. Além das atividades no Parque Ibirapuera, o programa promoverá experiências em corridas no Brasil e no exterior, ampliando o alcance do esporte e incentivando o bem-estar. A concessão do Parque Ibirapuera é uma política pública de longo prazo, com o objetivo de assegurar investimentos permanentes, gestão profissional e padrões elevados de conservação. O resultado está à vista: um parque restaurado, seguro, acessível e vivo." Reforma da Marquise do Ibirapuera atrasa; Urbia pede mais prazo e R$ 15 milhões a mais para concluir obra

