O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em visita às obras da Linha 6-Laranja do Metrô de SP, em 30/09/2023. Sérgio Barzaghi/Secom/GESP A Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) autorizou no 19 de dezembro que a gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) pague o adicional de mais de R$ 3,6 bilhões à empresa responsável pela construção da Linha 6-Laranja do Metrô paulistano. O valor global inicial da obra era de R$ 15 bilhões e já tinha chegado a R$ 19 bilhões, com outros aditivos contratuais assinados entre as partes. Com a correção contratual de R$ 3,6 bilhões autorizada agora pela Artesp, esse valor deve subir para mais de R$ 22,6 bilhões. A ata da reunião que decidiu sobre o aumento foi publicada no Diário Oficial do estado no último dia 22 de dezembro e justifica o pagamento do adicional em razão do “cronograma acelerado” das obras, atualizado por causa de uma “ocorrência de risco geotecnológico que teve como consequência um desequilíbrio econômico-financeiro, em favor da concessionária”. Segundo o apurado pelo g1, o problema que gerou a revisão aconteceu na estação Higienópolis-Mackenzie, onde desafios geológicos não previstos no projeto original licitado pelo governo causariam atraso de 1.096 dias (quase três anos) na entrega da obra. Com isso, a linha só teria totalmente entregue no final de 2028. Porém, o governo do estado assumiu os custos da falha no projeto, possibilitando a aceleração da obra para lidar com o problema. Isso causou prejuízos econômicos adicionais à concessionária, não previstos em contrato, que agora estão sendo revistos pela Artesp. Com os custos assumidos pelo governo paulista, o cronograma foi acelerado e a obra poderá ter a 1ª fase entregue em outubro de 2026, às vésperas da eleição estadual e federal do ano que vem (veja mais abaixo). Ata da reunião de diretoria da Artesp que autorizou, por unanimidade, o pagamento adicional para a Acciona. Reprodução/Diário Oficial A ata da reunião da Artesp afirma que o risco geotecnológico da obra tinha o valor inicial de R$ 826,1 milhões, baseado nos cálculos do contrato assinado em outubro de 2013, ainda na gestão do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB). Mas após 11 anos de vigência do contrato, esse montante foi atualizado para R$ 3,69 bilhões em valores de março de 2025. Segundo o Diário Oficial, o pagamento adicional bilionário foi aprovado por unanimidade pela diretoria da Artesp, que recomendou “que sejam adotadas as medidas pertinentes para a realização do estudo de reequilíbrio econômico-financeiro do Contrato, com a posterior formalização do Termo Aditivo Modificativo pertinente” no contrato em vigência atualmente. O que diz a Artesp Chegada do Tatuzão Sul à Estação Perdizes da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo. Sérgio Barzaghi/Secom/GESP Por meio de nota, a Artesp esclareceu que o valor de R$ 826 milhões (atualizado para R$ 3,69 bilhões) “refere-se ao custo adicional necessário para garantir o cumprimento do cronograma de entrega da Linha 6 a partir de 2026, após um atraso inevitável provocado pelo evento geotécnico”. “Esse montante decorre da reorganização da execução da obra, com maior mobilização e mais frentes de trabalho, e contempla componentes como contraprestações associadas ao novo arranjo de prazo, impactos sobre receitas tarifárias e acessórias, reprogramação de investimentos (CAPEX), custos de mobilização, permanência e garantias de execução, já considerados os efeitos compensatórios e economias operacionais ao Poder Concedente”, declarou a agência. “O Poder Concedente avaliou alternativas e optou por uma solução regulatória voltada a garantir a entrega da Linha 6 a partir de 2026, mitigando os impactos de tais eventos geotecnológicos no prazo total de obra, em benefício da população e do próprio Estado”, completou a Artesp. A reportagem procurou a gestão Tarcísio e a concessionária Linha Uni para comentarem o assunto, mas não recebeu retorno até a última atualização deste texto. Histórico do contrato Governo diz que obras da linha 6-Laranja do Metrô vão ser retomadas em até 90 dias A Linha 6-Laranja teve a assinatura inicial do contrato feita no final de 2013, durante a gestão do ex-governador Geraldo Alckmin, na época no PSDB. A linha começou a ser construída no modelo de Parceria Público-Privada (PPP), onde a empresa ganhadora divide os custos da obra com o governo paulista. A empresa que constrói também tem o direito de explorar comercialmente a obra pelo período de 25 anos. A empreiteira responsável pela obra era o ‘Consórcio Move São Paulo’, formado pelas empresas Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC Engenharia, que começariam a construção no 2° semestre de 2014. O início das obras, entretanto, só aconteceu em janeiro de 2015. Na ocasião da assinatura do 1° contrato, Alckmin havia afirmado que o prazo de entrega da obra seria de seis anos e ficaria pronta em 2020. Obras da Linha 6-Laranja começariam em 2010 quando a ampliação do projeto foi anunciada Porém, a obra foi paralisada em 2016 em razão das investigações da chamada ‘Operação Lava Jato’, que apurou vários esquemas de corrução dentro dessas empreiteiras. Por conta dos sucessivos escândalos da Lava Jato envolvendo as três empresas em outras obras de infraestrutura, o então governador anunciou uma nova licitação para a obra. Porém, em julho de 2020, o grupo espanhol Acciona assumiu o contrato antigo da linha, após a companhia comprar os direitos do ‘Consórcio Move SP’, que era o responsável pela construção. As obras foram retomadas já na gestão do ex-governador João Doria (ex-PSDB), com promessa de entrega em 2025. Custo e nova previsão de entrega Governo anuncia retomada das obras da Linha 6-Laranja do Metrô A Linha 6-Laranja vai ligar a Zona Norte ao Centro da capital paulista e contará com 15 estações subterrâneas, com conexões com as linhas Azul, Amarela, Rubi e Diamante. A expectativa é atender cerca de 630 mil passageiros por dia. O custo total seria de R$ 15 bilhões, com 47% desse valor pago pelo governo paulista e o resto bancado pelo próprio grupo espanhol, através da empresa Linha Universidade Participações S.A, que tem a Acciona como principal sócia. A última previsão dada pelo atual governador Tarcísio de Freitas é que o 1° trecho da obra – entre as estações Brasilândia e Perdizes - seja entregue até outubro de 2026, às vésperas da eleição do ano que vem. A promessa é que as 15 estações - que inclui também o 2° trecho entre Perdizes e São Joaquim – fiquem prontas apenas no final de 2027. No dia 10 de julho deste ano, o governo de SP recebeu o 1° trem da futura linha que vai até a Brasilândia. Futura Linha 6-Laranja recebe primeiro trem
Artesp autoriza gestão Tarcísio a pagar R$ 3,6 bilhões adicionais à empresa que constrói a Linha 6-Laranja do Metrô de SP
Guia Modelo Escrito em 30/12/2025
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em visita às obras da Linha 6-Laranja do Metrô de SP, em 30/09/2023. Sérgio Barzaghi/Secom/GESP A Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) autorizou no 19 de dezembro que a gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) pague o adicional de mais de R$ 3,6 bilhões à empresa responsável pela construção da Linha 6-Laranja do Metrô paulistano. O valor global inicial da obra era de R$ 15 bilhões e já tinha chegado a R$ 19 bilhões, com outros aditivos contratuais assinados entre as partes. Com a correção contratual de R$ 3,6 bilhões autorizada agora pela Artesp, esse valor deve subir para mais de R$ 22,6 bilhões. A ata da reunião que decidiu sobre o aumento foi publicada no Diário Oficial do estado no último dia 22 de dezembro e justifica o pagamento do adicional em razão do “cronograma acelerado” das obras, atualizado por causa de uma “ocorrência de risco geotecnológico que teve como consequência um desequilíbrio econômico-financeiro, em favor da concessionária”. Segundo o apurado pelo g1, o problema que gerou a revisão aconteceu na estação Higienópolis-Mackenzie, onde desafios geológicos não previstos no projeto original licitado pelo governo causariam atraso de 1.096 dias (quase três anos) na entrega da obra. Com isso, a linha só teria totalmente entregue no final de 2028. Porém, o governo do estado assumiu os custos da falha no projeto, possibilitando a aceleração da obra para lidar com o problema. Isso causou prejuízos econômicos adicionais à concessionária, não previstos em contrato, que agora estão sendo revistos pela Artesp. Com os custos assumidos pelo governo paulista, o cronograma foi acelerado e a obra poderá ter a 1ª fase entregue em outubro de 2026, às vésperas da eleição estadual e federal do ano que vem (veja mais abaixo). Ata da reunião de diretoria da Artesp que autorizou, por unanimidade, o pagamento adicional para a Acciona. Reprodução/Diário Oficial A ata da reunião da Artesp afirma que o risco geotecnológico da obra tinha o valor inicial de R$ 826,1 milhões, baseado nos cálculos do contrato assinado em outubro de 2013, ainda na gestão do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB). Mas após 11 anos de vigência do contrato, esse montante foi atualizado para R$ 3,69 bilhões em valores de março de 2025. Segundo o Diário Oficial, o pagamento adicional bilionário foi aprovado por unanimidade pela diretoria da Artesp, que recomendou “que sejam adotadas as medidas pertinentes para a realização do estudo de reequilíbrio econômico-financeiro do Contrato, com a posterior formalização do Termo Aditivo Modificativo pertinente” no contrato em vigência atualmente. O que diz a Artesp Chegada do Tatuzão Sul à Estação Perdizes da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo. Sérgio Barzaghi/Secom/GESP Por meio de nota, a Artesp esclareceu que o valor de R$ 826 milhões (atualizado para R$ 3,69 bilhões) “refere-se ao custo adicional necessário para garantir o cumprimento do cronograma de entrega da Linha 6 a partir de 2026, após um atraso inevitável provocado pelo evento geotécnico”. “Esse montante decorre da reorganização da execução da obra, com maior mobilização e mais frentes de trabalho, e contempla componentes como contraprestações associadas ao novo arranjo de prazo, impactos sobre receitas tarifárias e acessórias, reprogramação de investimentos (CAPEX), custos de mobilização, permanência e garantias de execução, já considerados os efeitos compensatórios e economias operacionais ao Poder Concedente”, declarou a agência. “O Poder Concedente avaliou alternativas e optou por uma solução regulatória voltada a garantir a entrega da Linha 6 a partir de 2026, mitigando os impactos de tais eventos geotecnológicos no prazo total de obra, em benefício da população e do próprio Estado”, completou a Artesp. A reportagem procurou a gestão Tarcísio e a concessionária Linha Uni para comentarem o assunto, mas não recebeu retorno até a última atualização deste texto. Histórico do contrato Governo diz que obras da linha 6-Laranja do Metrô vão ser retomadas em até 90 dias A Linha 6-Laranja teve a assinatura inicial do contrato feita no final de 2013, durante a gestão do ex-governador Geraldo Alckmin, na época no PSDB. A linha começou a ser construída no modelo de Parceria Público-Privada (PPP), onde a empresa ganhadora divide os custos da obra com o governo paulista. A empresa que constrói também tem o direito de explorar comercialmente a obra pelo período de 25 anos. A empreiteira responsável pela obra era o ‘Consórcio Move São Paulo’, formado pelas empresas Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC Engenharia, que começariam a construção no 2° semestre de 2014. O início das obras, entretanto, só aconteceu em janeiro de 2015. Na ocasião da assinatura do 1° contrato, Alckmin havia afirmado que o prazo de entrega da obra seria de seis anos e ficaria pronta em 2020. Obras da Linha 6-Laranja começariam em 2010 quando a ampliação do projeto foi anunciada Porém, a obra foi paralisada em 2016 em razão das investigações da chamada ‘Operação Lava Jato’, que apurou vários esquemas de corrução dentro dessas empreiteiras. Por conta dos sucessivos escândalos da Lava Jato envolvendo as três empresas em outras obras de infraestrutura, o então governador anunciou uma nova licitação para a obra. Porém, em julho de 2020, o grupo espanhol Acciona assumiu o contrato antigo da linha, após a companhia comprar os direitos do ‘Consórcio Move SP’, que era o responsável pela construção. As obras foram retomadas já na gestão do ex-governador João Doria (ex-PSDB), com promessa de entrega em 2025. Custo e nova previsão de entrega Governo anuncia retomada das obras da Linha 6-Laranja do Metrô A Linha 6-Laranja vai ligar a Zona Norte ao Centro da capital paulista e contará com 15 estações subterrâneas, com conexões com as linhas Azul, Amarela, Rubi e Diamante. A expectativa é atender cerca de 630 mil passageiros por dia. O custo total seria de R$ 15 bilhões, com 47% desse valor pago pelo governo paulista e o resto bancado pelo próprio grupo espanhol, através da empresa Linha Universidade Participações S.A, que tem a Acciona como principal sócia. A última previsão dada pelo atual governador Tarcísio de Freitas é que o 1° trecho da obra – entre as estações Brasilândia e Perdizes - seja entregue até outubro de 2026, às vésperas da eleição do ano que vem. A promessa é que as 15 estações - que inclui também o 2° trecho entre Perdizes e São Joaquim – fiquem prontas apenas no final de 2027. No dia 10 de julho deste ano, o governo de SP recebeu o 1° trem da futura linha que vai até a Brasilândia. Futura Linha 6-Laranja recebe primeiro trem

