Morreu aos 98 anos, o capixaba Anisio Lordes, conhecido em todo o Espírito Santo por ter construído o próprio caixão e idealizado cada detalhe do ritual de despedida. Figura querida na cidade, o artesão faleceu por causas naturais, em casa.
O sepultamento está marcado para este sábado (20), no cemitério de Itapina, distrito de Colatina, no Noroeste do Espírito Santo.
Idealizou despedida
A TV Gazeta fez duas reportagens com o artesão. A história do seu Anisio foi contado pela primeira vez em setembro 2013. Reveja abaixo.
Aposentado de Itapina prepara o próprio caixão e lápide, no ES
Na época, chamou a atenção ao contar que havia decidido construir o próprio caixão como parte de um ritual pensado por ele mesmo, incluindo músicas gravadas com a própria voz para serem tocadas no velório, o terno escolhido por ele e até o local exato onde gostaria de ser sepultado.
A ideia do caixão surgiu, durante uma noite de oração. “Veio na minha cabeça que eu fizesse. Pensei, meu Deus, minha sepultura também já está pronta”, contou aos 86 anos.
Canudos de jornal
Anisio construiu o caixão utilizando canudinhos feitos de jornal, em um trabalho artesanal que simbolizava sua fé e sua forma singular de encarar a finitude da vida. Foram três anos fazendo os canudos, e três meses para montar o caixão.
O artesão contou que ele mesmo tirou as medidas para executar o serviço, dizia que não queria dar trabalho para ninguém e até ensaiou como seria o velório com as músicas da despedida.
Sete anos depois, Anisio participou de uma reportagem do programa Em Movimento e reforçou a vontade de usar o caixão feito por ele quando morresse. Com bom humor
Artesão participou do Programa Em Movimento em 2019 e mostrou o caixão de jornal
No entanto, o desejo de ser sepultado no próprio caixão não poderá ser realizado. Com o passar do tempo, a estrutura de papel se desgastou, foi corroída e acabou inutilizada. Mesmo assim, a família entende o gesto como parte do legado simbólico deixado por ele.
A sobrinha, Elizabeth Lordes, contou que a família está conformada com a partida.
“Ele viveu do jeito que quis. Era muito querido, todo mundo na cidade gostava dele. Uma pessoa devota, que trabalhava com artes e espalhava carinho por onde passava”, disse Elizabth.
*Com informações de Felipe Khoury,
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Guia Modelo Escrito em 20/12/2025

